quinta-feira, 18 de agosto de 2011

País combate hepatite B de mãe para filho


O Ministério da Saúde está elaborando um protocolo de prevenção contra a transmissão vertical de hepatite B, ou seja, da gestante para seu bebê.O plano, que deve ser lançado ainda neste ano, foi anunciado nesta semana durante um workshop sobre o tema organizado pela Sociedade Brasileira de Hepatologia(SBH). A ideia pretende extinguir a contaminação pela doença durante o parto, situação que, embora 100% evitável, têm crescido no País.

"Ainda não existe um protocolo nacional", lembra o gerente da coordenação de cuidado e qualidade de vida do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Marcelo Araújo de Freitas. Segundo ele, um comitê já começou a se reunir para criar o protocolo. A hepatite B adquirida na infância,diz a SBH,merece atenção especial: torna-se crônica em 90% das crianças,índice que caiu para cerca de 10% entre os adultos.

De acordo com o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais, publicado em 2010 pelo Ministério da Saúde,a contaminação por hepatite B durante o parto tem tido maior participação no total de casos da doença no País. Em 1999, a transmissão vertical era responsável por 1,5% dos novos casos. Já em 2009,a parcela passou a ser de 2,1%. Ao longo desses 10 anos foram notificados 1.869 casos de transmissão da mãe para o bebê e houve 11.281 casos de gestantes com a doença.

A transmissão da hepatite B durante o parto é plenamente evitável, desde que a mãe siga orientações específicas. "Quando ocorre a transmissão vertical, é porque alguém falhou", diz o médico Raymundo Paraná, presidente da SBH.

Se nenhuma medida preventiva for tomada, o risco de a mãe passar a doença para o bebê é altíssimo.

"Nas situações em que as medidas de prevenção não são adotadas, o risco está entre 70% e 90%. Quanto à hepatite C, o risco de transmissão vertical é menor, em torno de 6% dos casos", afirma a diretora técnica de Divisão do Programa Estadual de Hepatites Virais, Umbeliana Barbosa de Oliveira.

Para evitar a contaminação, é essencial que o exame de hepatite seja pedido a todas as gestantes no pré-natal. Caso seja constatada a presença do vírus, a mulher tem de ser acompanhada de perto por um hepatologista. Ela poderá até mesmo receber medicação caso a carga viral seja considerada alta durante o terceiro trimestre da gravidez.

Após o parto,o bebê deve receber a vacinação contra a hepatite B e um anticorpo específico, a imunoglobulina. Segundo Umbeliana, o risco de transmissão dos vírus das hepatites B e C pelo aleitamento materno é baixo. "Apesar da possibilidade, não há evidências conclusivas de aumento de risco à infecção, exceto na ocorrência de fissuras ou sangramento nos mamilos." Juiara Nascimento da Costa conta que descobriu ter hepatite B porque um ginecologista pediu o exame durante o pré-natal de seu segundo filho. "Fiquei apavorada.

Meu ginecologista foi claro dizendo que não tinha muita informação de como deveria proceder", conta.

Ela procurou uma hepatologista, que a tranquilizou ao informar que, cumpridas as medidas preventivas, o bebê nasceria saudável.

"A hepatologista solicitou exames para toda a família. Meu marido e meu primeiro filho não são portadores. Descobrimos que eu devo ter contraído o vírus da minha mãe durante o parto.Ela também é portadora, mas o vírus dela nunca se manifestou", diz. Agora Juiara está fazendo uma série de exames para iniciar o tratamento para a hepatite B. Seu bebê já tem dois meses e já está imune ao vírus.

Diretor da ONG Saúde em Vida, voltada para a prevenção da hepatite,Christian Joseph Carvalho comemorou o anúncio do protocolo. "O pré-natal contempla a sorologia para as hepatites, mas infelizmente nem todas as gestantes o fazem." ::

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